sexta-feira, janeiro 18, 2008

A Caixa preta...

10:25

Uma longa espera se avizinhara. Rapaz de poucos anos, umas reminescências capilares pelo rosto, a irrequietude que cansa na presença dos outros. A estreia seria aquela noite. Mais precisamente às 22:00

12:19

Trabalhador, respigador de mãos cheias, vai exercendo o seu ofício na outra margem, na cidade de sonho e futuro. Dizem. Ele não diz nada, só fala com os seus interstícios. Pergunta-se como, como??

14:50

A frase que desarma e clama pelo regresso ao real - Você está muito estranho hoje, parece que deixou de estar comigo - Não, não, está apenas de uma forma diferente. Tem vontade de dizer, todos temos os nossos dias. Mas não diz. Há dias menos bons para a respiga, pensa simplesmente.

15:50

O Palco, o duelo. Alguma coisa nele desejava comunicar, alguma coisa naquele tablado negro desejava não comunicar. Tratava-se de um palco de guerra, uma situação limite. Será que vai para o front ou enfia-se nas trincheiras? Não sabe responder, não é hora para grandes elaborações.

18:38

Precipitam-se as contracções e a impossibilidade de estar no plano real. Saem monossílabos, o som do trombone estala por dentro. Grave, muito grave é esse som que não o deixa serenar. Todo o texto passa em slide-show à sua frente. Vezes e vezes e vezes.

20:13

Alguém fala em comer. Nada entra, só pode sair. Não é hora de pensar em necessidades básicas. Alimentação, eliminação, evacuações, três movimentos primários da vida, deixaram simplesmente de existir. Só tinha uma única necessidade.

21:49

O Grupo em roda, impossível dar forma aquele verbo. Impossível. Apenas tremer e assumir o descontrolo. Estava descontrolado, as pernas pareciam sofrer de alguma enfermidade. A certeza que na próxima hora alguma coisa iria acontecer com a absoluta ausência do seu controlo. Deixa o corpo tremer, parecia dizer. Deixa o corpo tremer. Deixa, vá lá...

1 comentário:

mjoão disse...

transbordar... in a manner of feeling...

Um 2008 pleno!!!