segunda-feira, dezembro 22, 2008

"...Os guarda-redes também morrem ao domingo..."

Por aqui começámos a ficar presos...

"...Teve uma infância estranha, disse Austin. Em última análise - todas as infâncias o são - disse Mister Deluxe. Molero diz, disse Austin, que a infância do rapaz foi particularmente estranha, condicionada por questões de ambiente que fizeram dele, simultaneamente, actor e espectador do seu próprio crescimento, lá dentro e um pouco solto, preso ao que o rodeava e desviado, como se um elástico o afastasse do corpo que transportava e, muitas vezes, o projectasse brutalmente contra a realidade desse mesmo corpo, e havia então um cachoar violento do que era e a espuma do que poderia ser, a asa tenra batendo à chuva..."
(páginas iniciais de O que diz Molero, Dinis Machado)

Por aqui havemos de estar nos próximos meses...

"...Vou passar uma vida toda a entender o que é isto, o teatro..."

Quando se inscrevem tantas incertezas na matéria real que nos ocupa, eis que surge a primeira centelha....

Urge dar voz a dois monstros que em pujante pretensão, propomos relativa cumplicidade...

Apenas porque o texto-palavra nos toca de forma particular, numa espécie de fado vadio de um certo Portugal, de um conjunto de referências estéticas e artísticas que comungamos inteiramente...

Torna-se assim em cousa pública, o sonho de dar vida a um espetáculo que paira as nossas cabeças há tempo bastante...

Arrisca-se o primeiro título "...Em que idade do coração se apaga o sorriso dos homens" (Al Berto)