terça-feira, janeiro 15, 2008

Conto de Natal - Croquetes

Ela,
mulher séria, uma senhora idade, pouca dada às coisas do Amor.

Ele,
um estranho, casaco de cabedal a puxar pró antigo. Estilo.

Ela,
cansaço a mais, podia ler-se nos olhos. Até quando, dizia.

Ele,
Pelo contrário, inércia a mais. Até quando, dizia.

Ela,
uma cuidadora, filhos, netos, velhos. Sim, velhos.

Ele,
estiradora empoeirada, perdeu a utilidade. Um outro tempo.

Ela,
timidez, voz em fio, uns croquetes se faz favor. Muita fome.

Ele,
nuvem de fumo, outro lado do balcão. Curiosa timidez.

Ela,
fumar Mata, podia ler naquele maço de tabaco.

Ele,
ninguém diria que fuma. Cigarro ocasional?

Ela,
tanto despojo e atrevimento! Adeus.

Ele,
Adeus. Olhar adolescente. Embeiçado.

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