A meias com DRUMMOND...
Cada irmão é diferente.
Sozinho acoplado a outros vizinhos
A linguagem sobe escadas, do mais moço
ao mais velho e seu castelo de importância.
A linguagem desce escadas, do mais velho
Ao mísero caçula
Somos cinco, Sofia, Marta, Tiago, Diogo, Ricardo.
Comunicação de diferentes sentidos, a fluir com muitos ritmos
O sexo em alternância, 3 rapazolas e 2 moçoilas
Palavras saltitonas, pujantes na cadência que assumem
Baleia, padreco, cascavel, gostosa, metralhas.
Tudo isso?
São seis ou seiscentas
Distâncias que se cruzam, se dilatam
No gesto, no calar, no pensamento?
Que léguas de um a outro irmão.
Entretanto, o campo aberto,
Os mesmos copos,
O mesmo vinhático das camas iguais.
A casa é a mesma. Igual,
vista por olhos diferentes?
Quarto-camarata, camas em dois andares,
O wonderbra na silhueta em poster gigante,
O código de comunicação entre os univitelinos
Um buraco que espreita para a outra divisão
Manas meninas-moças a explodirem em plena adolescência
Bruce Lee na televisão da sala, esperava-se a qualquer momento
Tortura de cueca…
São estranhos, próximos, atentos
à área de domínio, indevassáveis.
Guardar o seu segredo, sua alma,
seus objectos de toalete. Ninguém ouse
indevida cópia de outra vida.
Será que o indevassável cresceu entre nós?
Quando a (minha ) igreja construiu muros de suposta sapiência. Talvez
O “santinho do pau oco” a invejar a vida dos metralhas. Fugir aos cânones.
A Brasileira a provocar muita urticária na mana roliça.
Os nossos limites, os seus sofisticados sistemas de sobrevivência…
Ser irmão é ser o quê? Uma presença
a decifrar mais tarde, com saudade?
Com saudade de quê? De uma pueril
Vontade de ser irmão futuro, antigo e sempre?
Voltar ao embondeiro, encostar a cabeça
Bambolear uniforme, sentir a ausência do verbo
Canção de embalar,
Adormeço. Seguro. Leve.
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