quarta-feira, agosto 15, 2007
BUM,BUM KALASHNIKOV
Uma vez ou outra apetece-me fazer uso de uma AK-47, coronha reversível, vulgo kalashnikov, é que há pra aí safardanas aos magotes a infernizar a vida de gente direita e com propósitos honrados. Como tal não se afigura possível, vem a lume uma receita para a pilantragem de más rés, desse coimbrão de seu nome Assis Pacheco, Fernando. Então, reza assim...
“...Quando o Padeiro Velho de Casdemundo teve a certeza que Manolo Cabra lhe desfeiteara a irmã, em dois segundos decidiu tudo. Nessa mesma noite matou-o de emboscada, arrastou o cadáver para o palheiro e foi acender o forno com umas vides que comprara para as empanadas de San Bartolomé. O irmão do meio encarregou-se de cortar a cabeça ao morto. O Padeiro Velho amanhou-o e depois chamuscou-o bem chamuscado. Às duas da manhã untou o cabra de alto a baixo com o tempero, enfiando-lhe um espeto pelas nalgas...”
Podem invejar tamanha façanha, eu também invejei. Não seria possível despacharmos “assuntos pendentes” com a ajuda ficcional do Homem?
sexta-feira, agosto 03, 2007
Respigar...
Em tempos de realidade fragmentada
Olho para aquilo que faço (quase) todos os dias
o borrão dificilmente se clarifica
Olhos vazios, olhos em meia-lua,
farrapo de uma vida curta,
aos bocados,
descontínua, sim, descontínua
Torta, desavinda
de costas,
por teimosia do destino,
ou pelo laborioso ardil
de um cruel artíficie
O borrão engana, dificilmente se clarifica
O Homem (a criança) vibra sob uma voz
frágil
diria, com muitos acordes dissonantes
no limite,
desafinada
A angústia resolve explodir
cansou-se de existência bolorenta
agora afirma-se com nome próprio
muito feio, por sinal
Alopécia
O pensamento corre, corre
desgovernado,
digo martelo
dizes atoinado,
ONDE ESTÁS...?
Ergue-se o muro
fechas todas as portadas
as vozes ficam deste lado
tu desenvolveste
um sofisticado sistema
de comunicação.Silêncio.
O corropio e o frenesim
entraram agora neste espaço
de mãos dadas
Digo STOP
o não reconhecimento
PARAR = PENSAR
O borrão continua borrão. Mancha preta
A resposta é respigar. É isso que faço
(quase todos os dias)
boneco playmobil, família disfuncional
bola de futebol, fazer escorregar o sofrimento
caracteres do word, o vislumbre do fantasma
nomeado
Respigar por aqui ou por acolá?
Escolhas. Muitas dúvidas
Oficina de carros,
a continuidade possível
desenhar ou rabiscar
é isso
autonomia ou dependência
Disseste crescer?
Braços, pernas,
uma cabeça,
par de olhos e nariz,
falta a boca, mais
umas tantas ideias,
está feita a nossa respiga de hoje.
Um boneco de olhos meia-lua feito gente. Criança
Vivo da respiga. Não é coisa que dê lá muito dinheiro ou preciosa satisfação.
Mas sou assim, um perdido por respigar.